Temer adia leilão da usina de São Luiz no rio Tapajós
Pressionado pelo Greenpeace e outras entidades ambientais, o governo
adiou para agosto o leilão para a construção da usina hidroelétrica São
Luiz de Tapajós, no Pará. O presidente interino, Michel Temer, quer
deixar para anunciar o leilão da obra, quando for o presidente
definitivo, após o impeachmente da presidente afastatada, Dilma
Rousseff. Após essa etapa, terá maior força política e não dará munição
para seus adversários.
O adiamento foi decidido, na semana passada, em reunião da qual
participaram Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Fernando
Bezerra Filho (Minas e Energia). Nesse prazo, o ministro Sarney Filho
(Meio Ambiente) tentará demover o governo. Ele defende a busca de outras
alternativas, como o investimento em energia eólica, afirmando que o
benefício não vale a pena, devido às resistências, denúncias e protestos
de entidades ambientais e indígenas. Sarney acrescenta a isso, riscos à
biodiversidade.
O plano estratégico do governo prevê que, após a usina de São Luiz,
haverá outra no rio Tapajós, a de Jatobá. O projeto do governo federal é
construir cerca de 40 usinas na Amazônia. Na de São Luiz, a energia
será gerada em uma usina-plataforma que não terá estradas. Nela, o
acesso dos funcionários terá que ser feito por helicóptero. O lago terá
área de 722,25 km². A queda será de 35,9 metros, gerando 6.356,4 MW
através de 31 turbinas de 198 MW e duas de 109,2 MW. A produção anual de
energia será de 29.548,8 GW .
Além de ambientalistas, orgãos do governo, como o Ibama e a Funai,
resistem à obra. A área é o habitat natural de 13 mil indígenas da etnia
Munduruku, distribuídos em 120 aldeias, e que reivindicam a demarcação
de suas terras e acesso a serviços de saúde e educação. Além disso, o
lago da usina inundará parques nacionais naquela área. Para mascarar
essa realidade, a Câmara aprovou, em 2012, MP editada no governo Dilma,
que alterou os limites de diversas unidades de conservação na Amazônia.
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