Santarém: MINHA MÃE É CANDIDATA A PREFEITA DE SANTARÉM PELO PT
por Everaldo Martins Neto (*)
Antes de
conversamos, há algumas coisas que você precisa saber.
Um: nunca houve, na história de Santarém, alguém tão capacitado para
tomar conta desta cidade, e digo isto com respeito ao meu pai, à minha tia, ao meu
tio e ao meu avô.
Com respeito
também ao atual prefeito Alexandre Von, com quem desde criança me relacionei de
forma saudável e respeitosa, e que sei ser um homem bom e excelente pai de
família.
Dois: minha mãe é do PT há mais de 30 anos, quando era tendência.
Lutou por causas que acreditava, ajudou pescadores, escreveu tese, foi
vereadora, secretária e por aí vai.
Todos que a
conhecem e muitos que discordam de algumas de suas posições políticas –
inclusive eu – reconhecem que ela é uma pessoa autêntica, verdadeira e amável.
Três: minha mãe nunca usufruiu do dinheiro público para fins próprios.
Na política, porém, é claro que haverão os que dirão o contrário e tentarão
denegrir a imagem dela, o que ainda não sei se já ocorreu, mas este diálogo,
apesar de importante, não é o foco desta dissertação.
Quatro: eu não faço parte do Partido
dos Trabalhadores. Trabalhei apenas 3 vezes na vida e nem considero que o
“trabalhador” se identifique assim nos dias de hoje.
Um dos
grandes pontos que devem ficar claros neste artigo é o meu objetivo nítido de
desassociar o meu nome com a sigla. Nunca estive em nenhuma de suas reuniões, e
certamente nunca tomei parte no seu processo de decisão interno. E isto não é
do meu interesse. Meus pais sabem disso.
Cinco: meus pais e eu divergimos fundamentalmente nos métodos de
análise. Discordamos em uma quantidade significativa de ângulos sobre os quais
os diversos problemas contemporâneos podem ser explicados e resolvidos e isto
também há de ficar claro. Eles são, contudo, muito competentes e sempre
foram profissionais muito sérios em suas profissões de médico e
professora/pesquisadora.
Além disso,
são os responsáveis por todas as conquistas da minha vida, e por isso os amo e
sou eternamente grato.
Seis: você, como eu, não precisa ser petista para votar nela. Eu
explico: o verdadeiro conflito de interesse na política acontece entre
indivíduos. Pouco tem a ver com partido.
O PT e o
PSDB são partidos plurais, dentro dos quais há muitas divergências em como
lidar com o quão rápido as coisas estão mudando. Você pode ver exemplos disto
toda vez que alguém troca de sigla.
Parece-me
sólido argumentar, então, que há indivíduos em determinados partidos que eu
confiaria para lidar com estes conflitos de interesse e fazer um bom trabalho
em prol de uma sociedade mais justa e sustentável. Eu poderia votar em alguém
do PSol por causas ambientais ou em alguém do Democratas por modos de lidar com
a política externa, por exemplo.
Sete: eu já expus a ela a plataforma que julgo ser ideal para o
contexto social santareno, e certamente essa plataforma não é “o modo petista
de governar”. A minha linha de pensamento está baseada nas políticas públicas
que ameaçam o ecossistema e a vida dos membros da comunidade, principalmente os
mais vulneráveis.
É nítido que
algo está sistematicamente errado no modo como o Estado e o mercado tem se
relacionado, o que, em minha opinião, é o que tem causado os maiores danos à
população, desde a comida que falta ao ar poluído que respiramos. Portanto, é
acerca do questionamento de como estabelecer uma relação Estado-economia que
atenda aos mais necessitados de modo sustentável é que se tem que criar
políticas públicas.
Gosto de
acreditar que minha mãe pensa um pouco diferente sobre o futuro por conta de
algumas coisas que eu disse a ela.
Oito: é claro que não sou referência de nada, e seria errôneo da minha
parte achar o contrário. Você pode ler este artigo e tê-lo como piada e não
levá-lo a sério. É uma opção inteiramente sua. Me sinto obrigado a reiterar,
contudo, que o que está sendo abordado aqui é bastante sério.
Engloba mais
do que o debate acadêmico no qual estão engajados os “intelectuais” e
“estudiosos da Amazônia”. E, é claro, engloba mais do que a perspectiva
meramente empresarial, de livre mercado e estado mínimo.
Hoje, por
conta dos múltiplos meios de informação, qualquer um vira referência, estamos
cheios de exemplos. As “referências” da esfera científica estão ultrapassadas e
não lidam com os novos fenômenos que estão ocorrendo no processo de formulação
de políticas públicas. É triste, mas é verdade.
Os
intelectuais não estão sendo páreos para os Alexandres Frotas do Brasil, e
temos de analisar isto.
Nove: eu pedi à minha mãe que não se candidatasse. Não vejo conjuntura
para ela, e vejo um terreno perigoso e desfavorável. Há o desgaste e o
estresse. Não é algo fácil. Entretanto, ela nunca deixou de lutar e sempre
esteve presente na tentativa de criar uma sociedade melhor.
Mais uma
vez, até os que discordam dela, não negam isto.
Dez: eu apoio a minha mãe para prefeita de Santarém, não o PT. Sei
que tem de existir diálogo com outras lideranças e atores que também são
afetados pelas decisões tomadas pelo governo. Desde a esquerda revolucionária
(da qual não faço parte) ao setor empresarial conservador e capitalista (do qual
também não faço parte).
Eu votarei
nela porque ela entende as ameaças que julgo serem as prioridades uma vez que
sejamos o governo, como a fome, a infraestrutura e o aquecimento global. Mais
uma vez, com respeito ao atual prefeito, parece-me óbvio que estas não são as
suas prioridades, e como ele é um ser racional e científico, sei que não
discordará de mim.
O prefeito
fez um governo ruim, ineficaz e com baixíssimo nível de transparência. A
população santarena não sabe o que se passa na prefeitura e isto tem de mudar.
Que fique claro que não estou dizendo que o prefeito é um homem mal e que está
destruindo a cidade de propósito.
Esse
discurso faz parte de uma política que eu gostaria de ver no passado. Nós
divergimos nas nossas prioridades políticas e, principalmente, na metodologia
utilizada, uma vez que sejamos detentores do aparato estatal. Ao prefeito,
desejo paz, prosperidade e saúde, e espero que possamos trabalhar juntos no
futuro para criar uma plataforma sob a qual podemos concordar, mas peço que não
se candidate a reeleição, visto que foi claramente um governo danoso para os
membros da comunidade santarena
.
Onze: você notou o meu uso freqüente da palavra “indivíduo”? Pois bem,
não é papel do Estado e nem do mercado dizer o que é melhor para o cidadão. É
papel dos indivíduos que os compõem, ou seja, os próprios cidadãos.
O cidadão há
de ser livre para decidir que rumo quer dar à sua vida, sem um número excessivo
de impostos e burocracia estatal, mas isso não pode ser atingido sem
participação política. E é neste raciocínio que eu gostaria de concluir esta
dissertação.
Doze: todos nós temos de participar. Você não precisa concordar com
todas as perspectivas postas em pauta neste artigo, e muito menos com as pautas
da minha mãe, mas participe.
A
participação tem que ser pesquisada, estudada e pensada criticamente com vistas
de decidir quem é o melhor líder para defender o interesse privado do cidadão
por meio do aparato estatal (público), o que é extremamente complicado. Hoje,
confio na minha mãe porque sei que irá trabalhar com um grupo plural de
profissionais que lhe oferecerá idéias úteis no governo, mas é claro que isto
pode mudar no futuro.
Então não
estou pedindo que mude suas posições políticas, e sim que nos apóie neste caso
específico, porque iremos defender os seus interesses.
Minha mãe
tem conversado com a sociedade há 35 anos, e ela sabe do que está falando. Por
agora, é nossa melhor opção, e estejam certos de que idéias muito boa virão no
futuro.
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* Santareno,
é universitário. Faz o curso de Relações Internacionais na PUC de São Paulo.
Extraído do Blog do Jeso Carneiro.
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