Dados de janeiro a maio apontam 21 ocorrências no ano. Duas mulheres foram mortas em Itaituba e Paragominas no fim de semana.
O estado
do Pará registrou 21 casos de feminicídio nos primeiros cinco meses de 2016. O
balanço, divulgado pela Polícia Civil, mostra que foram mais de cinco mortes
por mês entre os meses de janeiro e maio. Em 2015 foram 26 ocorrências.
A lei do
feminicídio classifica o assassinato de uma pessoa pelo simples fato dela
ser como crime hediondo, com penas de 12 a 30 anos. O primeiro condenado
pela lei foi Antônio Eduardo Sousa, que assassinou a universitária Ingrid
Israel com golpes de faca em 2015. Na época a vítima tinha 27 anos, e estava
prestes a se formar na faculdade de nutrição da UFPA.
"Nós
entramos em parafuso, porque perder uma filha do jeito que eu perdi com a minha
esposa foi muito dolorido. Só sabe a dor quem passa por ela", conta Isaac
Tavares, pai de Ingrid.
Não é um
crime motivado por amor. Quando um homem agride uma mulher, ele agride porque
acha que ela é submissa a ele"
Luanna
Tomaz, presidente da comissão de direitos humanos da OAB-PA
De acordo com a presidente da comissão de direitos humanos da OAB, Luanna
Tomaz, a motivação para este tipo de crime não pode ser confundida com amor.
"Não é um crime motivado por amor. Quando um homem agride uma mulher, ele
agride porque acha que ela é submissa a ele", disse.
Luanna
também defende uma mudança social para evitar novos crimes. "Uma lei por
si só não colabora para prevenir o cometimento de crimes. A lei é o último
passo" , conclui.
Segundo a
delegada Janice Aguiar, da delegacia da mulher, a mudança deve começar nas
famílias. "A educação é o principal, dentro da família, na escola... Uma
mãe que cria um filho dizendo que ele pode tudo e que a filha pode nada, isso
vai criar na cabeça daquele menino que ele vai poder tudo, e a menina não vai
poder nada", destaca.
Vítimas
recentes
Duas mulheres foram assassinadas no Pará no último fim de semana. Dilce dos Santos Cardosos, 37 anos, morta pelo companheiro
Oswaldo Costa, de 65 anos, em itaituba. Ele foi preso em flagrante e
alegou legítima defesa.
O outro crime foi em Paragominas. Doralice Torres Ferreira foi morta a golpes de faca na
frente da filha, de 3 anos. O suspeito é o ex-companheiro Eudes
Santos, com quem ela viveu por dois meses, e não queria aceitar o fim do
relacionamento. "Agora ficou os dois filhos dela, a gente não sabe o que
vai fazer ainda. Estamos tão atordoados que a gente não sabe", disse
Marluce Ferreira, cunhada da vítima.
Fonte: G1/Pará
Comente aqui