CÂMARA REJEITA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
A Câmara dos Deputados rejeitou, na madrugada desta quarta-feira, o
texto da comissão especial para a PEC que reduz a maioridade penal (PEC
171/93).
Foram somente 303
votos a favor, 184 votos contra e 3 abstenções. Para ser aprovada, a mudança
precisava de ao menos 308 votos favoráveis - o equivalente a 3/5 do número
total de deputados.
Apesar da derrubada
da matéria, a Casa ainda votará hoje o texto original, que reduz a idade penal
para 16 anos em qualquer tipo de crime. Se o texto também for rejeitado, será
arquivado.
Segundo a proposta,
poderiam ser penalizados criminalmente os jovens com 16 anos ou mais que
cometessem crimes hediondos (como latrocínio e estupro), homicídio doloso
(intencional), lesão corporal grave, seguida ou não de morte, e roubo
qualificado.
Eles deveriam
cumprir a pena em estabelecimento separado dos maiores de 18 anos e dos
adolescentes que são menores de 16 anos.
Por acordo entre
líderes partidários, 10 deputados foram escolhidos para falar a favor do
projeto em plenário e outros 10 discursaram contra. O líder do PMDB, Leonardo
Picciani (RJ), defendeu a proposta. "É um texto que tem equilíbrio, propõe
a redução para crimes graves, hediondos, crimes contra a vida. Fico imaginando
a justificativa para se suprimir a vida de alguém. É injustificável, nem a
idade nem a classe social justificam".
O líder do
Solidariedade, Arthur Maia (BA), afirmou acreditar que um jovem de 16 anos que
comete crime tem "absoluta consciência" do que está fazendo.
"Nenhum jovem deve temer a aprovação dessa lei. A lei serve para punir
criminosos. Ser pobre e ser humilde não é salvo-conduto para matar e
estuprar", disse o deputado.
Já o PT se
posicionou contra alterar a Constituição para reduzir a maioridade penal e
defendeu como alternativa à PEC alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) para ampliar o tempo de internação de jovens que cometem crimes graves.
'Todos querem
combater a violência, e se combate a violência reformando o ECA... “As
civilizações modernas trabalham a ideia da ressocialização, não é cadeia mais
cadeia”, discursou o líder do governo, José Guimarães (PT-CE).
Antes de a
discussão sobre o tema começar no plenário, estudantes contrários à redução da
maioridade penal e a Polícia entraram em confronto. Houve tumulto em uma das
entradas do prédio e no interior do Congresso. O acesso às galerias do plenário
ficou restrito a 200 senhas, o que provocou revolta.
Segundo a Polícia
Legislativa, manifestantes tentaram forçar a entrada com paus e pedras e os
agentes reagiram com spray de pimenta. Os estudantes negaram ter usado
violência.
O deputado Jean
Wyllys (PSOL-RJ) conversava com os estudantes, quando teve início a confusão e
foi atingido por spray de pimenta.
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