MPF vai apurar atuação da Força Nacional
O Ministério
Público Federal em Altamira (PA) vai instaurar procedimento administrativo para
apurar a forma de atuação da Força Nacional de Segurança Pública nas obras da
Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.
De acordo
com a procuradora da República em Altamira, Meliza Alves Barbosa, o órgão vai,
a partir da semana que vem, colher depoimentos de representantes da tropa
federal e de mais pessoas envolvidas nas obras.
Ela explicou
que a medida será tomada por causa de um termo de declarações de um operário,
que apresentou denúncias relacionadas à atuação da Força Nacional e ao
tratamento dado aos trabalhadores nos canteiros. O MPF ainda não recebeu o
ofício encaminhado na quinta-feira (10) pela Defensoria Pública do Pará, em
Altamira, solicitando investigação do caso.
“O
Ministério Público vai levar à frente [as denúncias feitas no termo de
declarações] e tomar as providências para elucidar o caso. Também há narrativas
de possível assédio a trabalhadores, mas isso vamos encaminhar ao Ministério
Público do Trabalho, que é o órgão competente”, disse.
O Consórcio
Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras civis do empreendimento,
nega violações de direitos trabalhistas. Por meio de sua assessoria de
imprensa, a empresa assegura que os “mais de 22 mil trabalhadores entram e saem
livremente dos quatro canteiros de obras em áreas remotas da Amazônia, desde
que apresentem identificação profissional". Além disso, o consórcio
disponibiliza diversas linhas de ônibus para o transporte dos funcionários de
todos os níveis no trajeto Altamira-sítios de obras.
Sobre as
denúncias contra a Força Nacional, o diretor administrativo do consórcio,
Marcos Luiz Sordi, informou que não há qualquer registro de intimidação ou
ameaça contra os operários pelas forças policiais e acrescentou que a tropa
nacional atua nos canteiros de Canais e Diques e Pimental. Nos canteiros Bela
Vista, que funciona como apoio, e Belo Monte, a Polícia Militar é responsável
por evitar conflitos.
Em nota, o
Ministério da Justiça (MJ) informou que a presença da Força Nacional nas obras
de Belo Monte deve-se ao seu caráter estratégico para o Brasil e ao grande
contingente de trabalhadores que dela participam. Diz ainda que a Força
Nacional não realiza em Belo Monte qualquer interferência na relação entre
empresas e trabalhadores e lembra que a tropa atua em seis operações no Pará.
Segundo o
documento, o objetivo é "garantir a integridade física dos trabalhadores,
dos demais cidadãos e do patrimônio, além da manutenção da ordem pública",
diante do "histórico de conflitos no local, provocados por pequenos
grupos, mas com consequências materiais significativas".
O Ministério
da Justiça informa que até agora não recebeu nenhuma notificação da Defensoria
Pública do Pará, nem do Ministério Público Federal e que não há qualquer
registro de restrição de direitos, nem de conflitos maiores envolvendo
profissionais da Força Nacional em Belo Monte.
Homens da
Força Nacional que atuavam no estado do Pará foram destacados, no fim do mês
passado, a pedido do Ministério de Minas e Energia, para fazer a segurança das
obras de infraestrutura energética em andamento como, por exemplo, a Usina
Hidrelétrica de Belo Monte. O pedido de reforço de segurança foi feito pelo
ministro Edison Lobão, em 21 de março.
A medida foi
criticada por entidades e movimentos sociais que atuam na região, como a
organização não governamental (ONG) Xingu Vivo, que considerou a iniciativa uma
tentativa de reprimir, com o uso da força, manifestações populares das
comunidades indígenas e ribeirinhas.
(Agência
Brasil)
Comente aqui