Governo Federal reúne com lideranças Munduruku em Jacareacanga.
Por Adriana de Castro/Assessoria de Comunicação
Secretária-Geral da Presidência da
República
A comitiva do governo federal, composta
pelo secretário nacional de Articulação Social (Secretária-Geral da Presidência
da República), Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e técnicos do Ministério das
Minas e Energia (MME), reuniu-se nesta quinta-feira (25/4) em Jacareacanga,
Pará, com lideranças do povo Munduruku, vereadores dessa etnia e representantes
da prefeitura local. O objetivo da reunião foi dialogar a respeito do processo
de consulta aos povos indígenas, que vivem na bacia do Rio Tapajós, sobre os
projetos de empreendimentos hidrelétricos elaborados para a região.
Apesar de terem combinado este diálogo,
outras lideranças indígenas não compareceram. No dia anterior essas lideranças
exigiram mudar o local do encontro, da cidade de Jacareacanga para a aldeia
Sai-Cinza, localizada a cerca de 40 minutos de barco. Essa exigência não foi
aceita pela comitiva, pois todo o encontro – incluindo contatos, convites,
tempo de duração, espaço na escola municipal e divulgação - havia sido organizado
para ser naquela cidade, com a pauta focada na construção do processo de
consulta. A escola municipal Carmem Valente da Silva foi solicitada ao prefeito
Raulien Queiroz, que suspendeu as aulas naquele dia. O governo federal assumiu
todos os custos de deslocamento e preparação dos indígenas, que puderam
se reunir com assessores por dois dias, assim como assumiu todos os custos da
reunião conjunta em Jacareacanga.
O secretário Paulo Maldos abriu
oficialmente a reunião, com a presença de lideranças indígenas, vereadores
indígenas e secretários municipais, explicando o objetivo o encontro e falando
da necessidade de um esforço permanente pelo diálogo e entendimento.
Ele disse ainda que todo o processo de
consulta aos povos indígenas da região do rio Tapajós deve ser baseado na
Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), referendada pelo
Brasil e que garante aos “povos indígenas e tribais” o “direito à consulta
prévia, livre e informada” com relação a todos atos administrativos e legislativos
que impactem seus territórios e culturas.
O secretário disse ainda que a
Convenção 169 já está em vigor no país e que a Secretária-Geral da Presidência
da República está coordenando, com outros ministérios, a regulamentação do
direito à consulta, com a participação direta de representantes indígenas. “O
processo de consulta na região do Tapajós será a primeira experiência prática,
de participação planejada e conjunta, uma espécie de laboratório para a
regulamentação da Convenção 169 no país”, concluiu.
Contribuições
“O momento é de ouvir”, afirmou o
cacique Valmar Munduruku. De acordo com ele, são mais de 13 mil indígenas do
povo Munduruku, a maioria concentrada no estado do Pará. O cacique disse que as
decisões são tomadas de forma coletiva entre os indígenas e sugeriu uma nova
reunião entre representantes desse povo e representantes do governo federal.
Já o líder Valdeir Munduruku, disse que
os presentes na reunião não tinham condições de decidir pelo conjunto dos
indígenas, mas se prontificou em levar a proposta de novo encontro e as
explicações sobre o processo de consulta ao restante dos caciques. Ele sugeriu
que as cartilhas sobre a Convenção 169 sejam traduzidas para o idioma Munduruku
e que sejam realizadas reuniões informativas, com a presença de tradutores,
específicas para as mulheres, jovens, pajés e caciques.
Ivânio Alencar, secretário de Assuntos
Indígenas da Prefeitura de Jacareacanga, também propôs a realização de reuniões
entre os prefeitos, vereadores e lideranças indígenas da região para debater a
proposta de consulta.
O secretário de Articulação Social
reiterou a importância de se construir “um caminho conjunto, baseado no
respeito e na confiança mútua” entre os indígenas e o governo federal. De
acordo com ele, a proposta da Secretária-Geral é a formação de um grupo de
trabalho entre representantes Munduruku e a prefeitura municipal, para
avaliarem a possibilidade de uma nova reunião. Se convidado, o governo federal
aceitará o convite, sempre na busca do diálogo e do entendimento.
Compromisso
No compromisso firmado com lideranças
indígenas durante a Assembléia Extraordinária do povo Munduruku, ocorrida em
janeiro de 2013 na aldeia Sai-Cinza, a Secretária-Geral da Presidência da
República responsabilizou-se por encaminhar a pauta com 33 reivindicações,
afetas a vários ministérios.
Durante a reunião de ontem, o
secretário deu informes sobre o andamento dessa pauta. Em destaque, políticas
públicas como educação, saúde, desenvolvimento sustentável das comunidades
indígenas e a homologação da Terra Indígena Kayabi, decreto de homologação
assinado pela Presidenta Dilma no dia anterior. Com mais de um milhão de
hectares, a Terra Indígena Kayabi engloba territórios dos estados do Mato
Grosso e Pará e beneficia diretamente os povos Munduruku, Kayabi e Apyacá.
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