A POLÍTICA DA TERRA ARRASADA

Por: Antonio Pantoja
A cada quatro anos, sempre que acontece a mudança de gestores municipais, é a mesma choradeira: O município está sucateado, sumiram todos os documentos, os HD’s dos computadores desapareceram, os móveis dos prédios públicos são imprestáveis, os veículos que restaram estão todos sucateados os cofres completamente vazios (sic). São reclamações que não acabam mais.

Logo se vê o reflexo disso. Começam os atrasos no pagamento dos salários dos servidores; dos fornecedores, como se seus antecessores levassem todos os recursos do município.

Mas não é bem isso que acontece. Os recursos da maioria dos nossos municípios são constituídos de repasses federais, logo, não existe a menor possibilidade do tesouro municipal não poder arcar com os salários de seus servidores, pois religiosamente nos dia 10, 20 e 30 de cada mês, o Tesouro Nacional efetua esses repasses, principalmente com relação aos repasses do FUNDEB, destinados exclusivamente a educação. 

Com relação à falta de recursos, isso às vezes acontece pelo inchaço da folha que ocorre freqüentemente em momentos próximos às eleições. Isso garante o mandato de muitos políticos. Já com relação a obras isso se resolve com as ações políticas junto a outras esferas de governo. Portanto, o administrador que se ocupa a chorar nunca vai poder administrar.

Com relação à política de terra arrasada, os Tribunais de Contas expedem uma recomendação muito simples. Os prefeitos que assumem municípios nessas condições, de imediato, devem adotar procedimentos de sorte a proteger os interesses de seus municípios.

Porém o que se vê mais parece é que os novos administradores fazem de tudo para encobrir os mal feitos de seus antecessores, o que se explica por um simples detalhe. Muitos desses novos administradores são criaturas dos antigos gestores e, por essa razão, fazem de tudo para encobrir os desmandos de seus criadores. Vêem a público denunciar os problemas, entretanto, atitudes preventivas com a finalidade de defender os interesses é o que menos se vê. Ou seja, fazem um jogo para a arquibancada.

Durante os quatro anos de mandato, em situação recorrente prefeitos de alguns dos nossos municípios mantêm “prefeituras correspondentes”, ou seja, instalam em outras localidades administrações inteiras, geralmente nas capitais, ou na localidade onde moram, quando não acontece de levarem para Estados vizinhos, deixando nas sedes dos municípios pessoas que detém apenas rótulos de secretários. Nada resolvem.

O quadro é o seguinte: Muitas oligarquias, oriundas de outros Estados, se instalam em regiões pobres e constituem verdadeiros feudos ou impérios. Os patriarcas, geralmente homens de elevado poder econômico (industriais, fazendeiros, e outros ramos de negócio), formam suas proles para abocanhar os cargos públicos, as administrações de pequenos municípios que passam a ser tratados como se fossem mais uma de suas propriedades.

É muito freqüente entre nós famílias inteiras dividirem as ações políticas e determinadas regiões. Temos em nosso país exemplos absurdos: O cabeça de chapa, tem como primeiro suplente um filho e como segundo suplente um neto.

Aqui entre nós, por exemplo, temos várias oligarquias, das quais citaremos apenas algumas: Tem oligarquia que o pai, senador e o filho até bem pouco tempo, prefeito de um dos maiores municípios de nosso Estado que ao encerrar seu mandato legou ao seu sucessor uma prefeitura em condições deploráveis; temos também o caso de um ex-senador, que logo introduziu seu filho na política que hoje é deputado estadual; temos o caso, também, do ex-deputado federal e ex-prefeito, que fez de um de seus filhos deputado federal, e um segundo filho, prefeito de um município; e faltou pouco para emplacar o terceiro filho que pretendeu lançar candidato a prefeito de outro município no Estado, mas parece que foi barrado pelas lideranças políticas da região. E vai por aí a em diante. Exemplos não nos faltam.

Esses oligarcas, geralmente, quando um de seus rebentos se elege, transformam-se em verdadeiros detentores de fato de seus mandatos. Transformam os mandatos de seus rebentos em verdadeiras empresas familiares ou feudos, em flagrante caso de nepotismo e clientelismo. “Importam” parentes para ocuparem as melhores assessorias, quando se trata de mandatos legislativos.

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