PARECE PIADA MAIS É PURA REALIDADE: MÉDICOS SE AGRIDEM DURANTE PARTO, E DEIXAM BEBÊ MORRER.
(Gislaine e o marido não tiveram mais filhos) Trauma |
A vendedora Gislaine Matos Rodrigues Cabreira, 35
anos, considerou injusta a punição imposta ao médico Orozimbo Ruela de Oliveira
Neto, que ficará 30 dias sem exercer a profissão, conforme decisão do Conselho
Regional de Medicina em Mato Grosso do Sul (CRM-MS).
Em fevereiro de 2010, Oliveira Neto e outro médico se agrediram durante
o parto de Gislaine, à época, grávida de nove meses. Outro profissional foi
designado para terminar a cirurgia, mas a criança morreu.
“É como se ele tivesse tirado férias, ficar esses 30 dias sem
trabalhar”, disse Gislaine ao G1. A vendedora continua morando em Ivinhema, a
297 km de Campo Grande, onde o caso aconteceu. Ela diz que constantemente
encontra Oliveira Neto pela cidade.
Desde quinta-feira, quando a punição foi divulgada pelo CRM-MS, o G1 tentou
contato com Oliveira Neto, mas não obteve resposta. O médico não recorreu e,
por isso, a penalidade ética é definitiva.
O outro profissional envolvido na briga também foi punido, mas
contestou, o que ainda será avaliado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Os dois médicos ainda respondem a um processo por erro médico, em tramitação na
Justiça em Ivinhema.
Gislaine ficou sabendo da decisão pela imprensa. “Chorei de novo quando
vi a reportagem relembrando meu caso, lembrei de toda situação que passei na
época”, conta. Por conta do trauma, segundo ela, ficou um ano sem trabalhar e
até hoje tem acompanhamento psicológico.
Segundo a vendedora, ela e o marido foram muito criticados na época em
que decidiram procurar a justiça e pedir punição aos médicos. “As pessoas
achavam que a gente queria indenização, dinheiro, e que não nos importávamos
com a morte da nossa filha”, recorda. “Na minha opinião, ele não deveria mais
fazer partos ou exercer a profissão. Eles (médicos) mexem com vidas, e esse
tipo de coisa não poderia acontecer. Eu também corri o risco de morrer junto
com a minha filha”, lamenta.
Caso
No dia 22 de fevereiro de 2010, Gislaine entrou em trabalho de parto e
foi para o hospital. De acordo com a vendedora, na sala de cirurgia, os dois
médicos discutiram e trocaram agressões durante o parto. "Eu sentindo
dores, o bebê quase nascendo, e eles começaram a se estapear na minha
frente", relembra.
Segundo investigação da Polícia Civil na época, Oliveira Neto acompanhou
a costureira durante o pré-natal e teria sido escolhido por ela para fazer o
procedimento. O outro médico teria discordado e disse que faria o parto, pois
era o plantonista do hospital naquele horário.
Outro médico foi chamado para terminar a cirurgia, mas a criança morreu
na sala de parto. Segundo o atestado de óbito da criança, a causa foi asfixia.
A menina seria a segunda filha de Gislaine, que tem um adolescente de 15
anos. Desde que perdeu o bebê, ela não teve mais filhos. “Tenho vontade de
engravidar de novo, mas também tenho medo de passar por outro trauma desses”,
afirma. A mulher guarda cinco peças de roupa e uma banheira de bebê, mas diz
que pretende doar para uma amiga que está grávida.
Fonte:G1/Globo.com
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