Portal Buré foi à Aldeia Teles Pires.
Na aldeia Teles Pires depois da Operação Eldorado,
a vida mudou e as dificuldades são muitas.
Vista aérea da Aldeia Teles Pires. |
Depois
de uma viagem aérea e desgastante, mas aprazível, onde podemos do alto contemplar
a linda floresta amazônica, durante o trajeto Itaituba/Aldeia Teles Pires, com
uma pequena escala em Jacareacanga, onde fomos buscar o vereador Adonias Kabá,
que faz parte de uma comissão que está investigando o que aconteceu na Aldeia
Teles Pires. Depois de mais de duas horas de vôo, chegamos à aldeia Teles Pires
na divisa do Pará com o Mato Grosso.
Com um semblante apreensivo e de preocupação,
alguns indígenas foram ao nosso encontro na porta da aeronave, que estava ao
comando do experiente piloto Charles Macedo. De imediato um indígena nos
indagou sobre a finalidade da visita ao Teles Pires, que depois de uma conversa
com uma liderança fomos convidados para ver os estragos que ficaram depois da
desastrosa Operação Eldorado na aldeia. Os indígenas ficam apreensivos quando
uma aeronave pousa na aldeia, recordando os rasantes da aeronave da Policia
Federal, no dia da operação.
Na viagem, acompanhando uma equipe da TV Record de
Itaituba, ao comando do jornalista Junior Ribeiro e o repórter cinematográfico
Weveton Oliveira, da equipe de jornalismo da TV Record – Itaituba, que está
produzindo com nossa participação uma matéria sobre a recente operação Eldorado
na aldeia Tele Pires, que deverá ser levado ao ar, em nível nacional.
Durante nossa estada por mais de 4 horas em Teles
Pires, ouvimos vários relatos de indígenas que foram feridos no confronto entre
índios e Policia Federal. Entre uns e outros relatos, o mais comovente foi do
indígena Leonardo Apiakás Burum, que segundo ele presenciou a morte do indígena
Adnilson Crixi Munduruku, em seu relato disse que tentou ajudá-lo, depois de
ter sido ferido com o primeiro tiro, sendo contido por bombas de gás que foram
jogados em sua direção, bastante emocionado Leonardo Apiakás, contou que Adenilson,
procurava informações, sobre que seria realizado e da operação da PF na aldeia,
já que as dragas estavam todas no meio do rio Teles Pires.
Outro
relato comovente foi a Indígena Rosenilda Borõ, disse que, os índios
estavam se preparando receber a Policia Federal, quando foram surpreendidos com
vários disparos, ela afirmou que um dos policiais disse “não é para atirar onde
tem criança”, mas o aviso não surtiu muito efeito.
A esposa da vitima, Ivete Saw, falando na
língua Munduruku, disse que foi avisada por um dos filhos que seu marido tinha
sido morto pela PF, em seu relato bastante emocionada, falou também que, sente muito a
falta do companheiro, que as dificuldades aumentaram depois da morte do marido.
Ivete Saw, ficou com 4 filhos pequenos e pede que alguém ou algum orgão, ajude aldeia que
passa no momento por dificuldades.
O
capitão da aldeia Teles Pires, Basílio Saw, conhecido por ‘Baxixi, que no
momento de nossa chegada a aldeia, estava vindo de uma pescaria, ele falou que, os
policiais arrobaram a casas, levaram faca, facão e espingardas que são
utilizadas para caça, ele afirmou ainda, que alguns objetos foram danificados: motor de luz,
telhado da escola e do posto de saúde, que foi comprovado com fotos e vídeos,
feitos por celulares dos próprios indígenas.
O líder indígena, relatou ainda, que a pescaria está
comprometida, já que os peixes estão morrendo, devido o ácido que está saindo
das baterias explodidas, que se encontram no fundo do rio. Baxixi, ressaltou
que, depois do ocorrido, os indígenas estão com medo de sair pra caçar e pescar, temem deixar seus familares sozinhos na aldeia, os índios temem que a PF volte de surpresa.
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