Almeirim: Problemas na saúde leva população à praça
Na sexta-feira (6), aconteceu em Almeirim uma manifestação popular com a participação de cerca de 5 mil pessoas, que foram às ruas para protestar contra o caos em que se encontra a saúde do município.
A saúde em Almeirim chegou ao fundo do poço.
Só para se ter uma idéia, o atual secretário de Saúde, Gilson Mesquita, é o 5º a assumir a pasta na administração do prefeito Zé Botelho (PT) em apenas 1 ano e 7 meses.
A precariedade dos serviços na saúde é generaliza. Há mais de ano as pessoas não conseguem consultas médicas. Com apenas 3 médicos no hospital municipal para atender uma população de mais de 30 mil pessoas. Impossível atender tanta gente, resumindo-se os serviços a atendimentos de emergência.
Sem materiais de atendimentos básicos, muitos pacientes são encaminhados a Laranjal do Jarí, no Amapá, pela falta de equipamento simples como dreno torácico. Faltam ainda lençóis para os leitos e roupa para realização de cirurgias. Os funcionários do hospital estão adoecendo por contaminação, pois o local está sujo e com mau cheiro por falta de material de limpeza. Os pacientes com doenças contagiosas são internados junto a outros menos graves por falta de espaço. Três funcionários estão com suspeita de tifo. O hospital do distrito de Monte Dourado também está praticamente fechado.
No início do mês de maio, o atual secretário de saúde foi convocado pela Câmara de Vereadores a prestar esclarecimentos sobre esta situação, mas ele não compareceu à sessão, cometendo crime de responsabilidade, de acordo com a Lei Orgânica do Município.
O pedido de demissão de 2 médicos e a morte prematura de uma adolescente, por falta de recursos no hospital, foi a gota dágua para uma multidão sair às ruas protestando contra o descaso e reivindicando soluções urgentes na área da saúde.
A DEMISSÃO DOS MÉDICOS
Dos 3 médicos que trabalhavam no hospital, dois pediram demissão há uma semana e meia, segundo eles, não por questões salariais, mas pelo município não oferecer condições mínimas para o fornecimento de um atendimento básico à população.
Para piorar, o terceiro e último médico saiu de licença para tratamento de saúde fora do município, sem previsão para retorno.
A MORTE DA ADOLESCENTE
Maria do Socorro tinha 16 anos e deu à luz por volta de uma hora da tarde do dia 3 de agosto no hospital municipal de Almeirim e, segundo a médica Maria Eliane, recém-contratada para substituir os que pediram demissão, Maria do Socorro teve um parto normal, sem maiores complicações. No entanto, estava muito anêmica e precisava tomar sangue, o que era impossível no momento porque não havia o material para tal procedimento.
A direção do hospital, então, ligou para o hospital do distrito de Monte Dourado, localizado há 130 Km da cidade de Almeirim, onde existe um banco de sangue do Hemopa, e solicitou uma bolsa de sangue para a paciente, obtendo como resposta que não poderiam atender a solicitação porque não havia como transportar a bolsa de sangue até Almeirim.
Diante desta impossibilidade, às 5 horas da tarde, a médica resolveu encaminhar a jovem mãe para Monte Dourado, mas só conseguiram viabilizar o transporte e sair com Maria do Socorro do hospital de Almeirim às 10 horas da noite, ou seja, 9 horas depois de ter dado a luz a um saudável menino e 5 horas depois que a médica autorizou a transferência para o outro hospital.
Conclusão: a jovem não resistiu e faleceu na estrada, durante o trajeto, deixando mais um órfão de mãe.
O enterro da estudante, no dia 5, foi marcado por muita emoção e um cortejo com a participação maciça de seus colegas de escola, passando a conotação do que seria a manifestação popular no dia seguinte.
Como encaminhamento da manifestação, uma comissão foi formada par elaboração de documentos a serem enviados aos Ministérios Públicos Estadual e Federal e Câmara de Vereadores para as providências cabíveis.
Fonte: Francisco Lisbôa
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